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Ser normal é coisa que não existe. Todos temos as nossas particularidades e necessidades especiais. Então porquê termos que nos conformar com uma filosofia de vida "one size fits all"?
Aqui está algo que tento passar para os meus filhos o mais cedo possível: a vida é injusta. O facto de acontecerem coisas más a pessoas boas mostra isso mesmo. Mas claro, nós gostamos de racionalizar tudo, e encontrar explicação para tudo e lá nos descobrimos freneticamente a encontrar teorias e explicações para o filho de um amigo ter falecido ou para alguém que era "tão boazinha" ter ficado sem meio de subsistência. A verdade, no entanto, é só esta: Não há explicações, a vida é injusta para todos e ponto final.
Pronto, agora que esclarecemos esta parte vamos à parte importante: como é que cada um reaje à injustiça que lhe cai no colo?
Há quem fique preso a essa injustiça toda a vida (ex: "podia ter sido alguém na vida mas não tive oportunidades de estudar" ou "o meu pai era um homem muito mau, batia-nos todas as noites e eu nunca consegui ultrapassar isso"). São pessoas que, quer lhes tenha acontecido muito ou pouco, não conseguem ver o lado bom porque ficam revoltadas com algo que as cega e paralisa.
Há quem aceite sem pestanejar o seu destino ("a minha mãe adoeceu, vou ter que ficar a tomar conta dela o resto da vida") e se entregam a ele sem procurar mais nada, sem sequer questionar se há mais vida além disso, se há outra forma de resolver.
Há quem espere que caia um raio cósmico e resolva tudo ("se eu ganhasse o euromilhões...") e tanto espera que a sua vida continua por viver e passam os dias, meses, anos, e tudo fica igual ou pior.
E depois há aqueles que eu admiro e muito respeito, as pessoas que não romantizam nem tentam mascarar os acontecimentos mas que, aceitando-os, tudo fazem para mudar o curso dos acontecimentos. Seja uma doença ou redução das capacidades físicas, seja um problema financeiro, seja uma crise familiar, há pessoas capazes de mover o mundo inteiro para mudar o destino. E muitas vezes conseguem. Talvez não da forma como esperariam, mas o mundo à sua volta fica de tal forma transformado que é impossível algo não acontecer - ao seu redor e dentro de si.
Conheço quem tenha ficado sem nada e tenha começado tudo de novo, furando por onde desse para se sustentar a si e aos filhos.
Conheço quem tenha perdido familiares muito próximos, até um filho, e que tenha feito das tripas coração para fazer essa perda ter significado para si e para a comunidade.
Conheço quem lute contra uma doença durante anos, dando exemplos de vida diariamente a todos os que tentam ajudar.
Claro que eu não quero passar por nada disso, mas não posso deixar de me sentir tão pequenina e insignificante face àqueles que todos os dias mostram um sorriso rasgado e vão à luta quando têm todos os motivos do mundo para chorar. Nem posso deixar de dar aqui um exemplo que muito me tem marcado nos últimos tempos: A Nonô, uma menina de quatro anos a quem foi diagnosticado um Tumor Bi-Lateral de Willms.
Visitem a página, coloquem o vosso like e vejam o seu magnífico sorriso. São sorrisos como este que me dizem que apesar das injustiças vale a pena continuar a lutar!