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Ser normal é coisa que não existe. Todos temos as nossas particularidades e necessidades especiais. Então porquê termos que nos conformar com uma filosofia de vida "one size fits all"?
Hoje estive com várias pessoas que mudaram de vida recentemente. Uns mudaram porque quiseram, outros mudaram porque se viram forçados a fazê-lo. Hoje observava cada um tentanto vislumbrar as diferenças até que percebi: quem muda porque quer vive com as consequências das suas próprias decisões; quem muda porque tem que ser vê-se forçado a tomar as melhores decisões possíveis dentro do enquadramento que tem. O que pode ser um contexto de muita pressão além da dor inicial da situação que causou esta mudança.
Mas aquilo que as pessoas apresentam, nos casos em que se veem obrigadas a mudar, é uma resiliência e uma capacidade lutadora invulgar, com que muitos de nós poderíamos aprender. Muitos de nós, que se sentem encurralados, estagnados, mas não encontram a força ou a coragem para encontrar alternativas. Que até sabem por onde começar mas não se sentem à vontade para correr riscos até porque convenhamos, trocar uma vida conhecida e até confortável por algo desconhecido é uma chatice!
E é assim que o conforto vai minando o que deveria ser uma vozinha interior de alerta. Mesmo quando se perde alguma coisa, pensamos em tudo o resto e decidimos que estamos bem assim. Mais alguma coisa se estraga mas o processo repete-se. E mais uma, e mais uma. E nem nos apercebemos mas na prática estamos a lutar pela manutenção de uma situação que já não é mais do que uma recordação. Já acabou. Acabou o amor, ou acabou o dinheiro, ou acabou o gozo, ou a felicidade. E ali continuamos a lutar para permanecer. Permanecer o quê?
Mas um dia, chegamos à porta da rua e percebemos que não se abre mais. Ou pior, ainda estamos do lado de dentro a levar um empurrão (ou pior) para sair e depois de tanto tempo a pensar que devíamos encontrar outro caminho somos mesmo forçados a fazê-lo. E aí sobressaem capacidades por vezes até então desconhecidas, mas percebemos também que o universo se alinhou para nos ajudar e pensamos: estive a perder tempo. Tentar conservar algo que já não existia não foi mais do que uma perda de tempo e energia.
Percebemos (ou relembramos) também, nesta nova vida, que há tanta coisa boa para experimentar e viver que insistir em ficar é tentar colorir um desenho com lindas cores quando só o cinzento está disponível.
Vamos procurar essas cores naquilo que nos faz felizes! Vamos colorir os nossos próprios desenhos, a nossa vida!