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Ser normal é coisa que não existe. Todos temos as nossas particularidades e necessidades especiais. Então porquê termos que nos conformar com uma filosofia de vida "one size fits all"?
Todos sabemos que muitas vezes os momentos de mudança se iniciam com perdas. Muitas vezes a perda é tão grande ou gera um sentimento tão intenso que nos leva a por em causa o nosso lugar de conforto, os nossos pressupostos, às vezes até os nossos princípios. E aí a mudança acontece, mais devagar ou mais depressa mas acontece sempre.
Mas há perdas e perdas. Hoje em dia não há quem não se queixe de perder alguma coisa, desde estatuto a bens materiais ou estilo de vida. Mas perdas irreparáveis são um campeonato completamente diferente. E este foi um fim de semana de perdas irreparáveis. E nem me vou deter a falar de coisas "menores" como motivação, confiança e outros termos que francamente parece estarem a entrar em desuso. Sobre esses falarei mais tarde. Vou diretamente ao cerne do tema de hoje:
Na 6ª perdemos um colega de muito valor, um grande homem e um profissional muitíssimo dedicado à sua empresa e à sua equipa. Lembro-me de fazer projetos emblemáticos com ele, estruturantes, dos que ajudaram a fazer da nossa empresa aquilo que é hoje. Pois bem, a saúde decidiu sair-lhe do corpo e em pouco tempo deixou-nos. Acabou o tempo dos projetos estruturantes.
Não foi o primeiro colega a falecer, não será o último, é desagradável e triste e muitas outras coisas, mas havemos de superar o caso.
No entanto ontem soube de uma perda daquelas que nos acompanham diariamente para o resto das nossas vidas. Soube de alguém que perdeu a luta contra um problema de saúde do filho recem-nascido. Este é um tipo de problemas que podem "make or break you" (fazer-nos ou quebrar-nos) e podemos realmente observar que quem já passou por isto e conseguiu refazer a sua vida coloca muito mais todas as coisas em perspetiva.
Mas sempre me questiono e sempre questionarei porque é que este tipo de coisas acontece. Não consigo nem começar a imaginar o tipo de dor que estes pais estão a sentir. E não deixo de sentir algum ressentimento quando vejo por todo o lado um "RIP Paul Walker" como se fosse a pessoa mais importante do mundo a falecer nestes dias.
A vida é injusta, já sabemos disso. Mas tão injusta assim? Não posso senão citar a Jonasnuts: Devia haver uma lei natural, qualquer, que impedisse os pais de sobreviverem aos filhos.
Devia haver um conjunto de coisas pelas quais ninguém deveria passar. E esta é uma delas.