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Ser normal é coisa que não existe. Todos temos as nossas particularidades e necessidades especiais. Então porquê termos que nos conformar com uma filosofia de vida "one size fits all"?
“Loucura é querer resultados diferentes mas fazer sempre tudo igual” – Albert Einstein
O Velho do Restelo, personagem d’Os Lusíadas introduzido no Canto IV, é o símbolo dos pessimistas, de quem não acredita em novos empreendimentos, precisamente porque nunca foram tentados antes. Este episódio apresenta uma pessoa eloquente mas significa o conservadorismo, a má vontade, a falta de espírito de aventura e a atitude de desprezo face a ideias originais.
Por alguma razão Luis de Camões decidiu ilustrar este personagem como um velho. Não uma pessoa de meia idade, não um jovem, mas um velho.
E de facto lembro-me de, quando era adolescente, serem os velhos que meneavam a cabeça e comentavam como o mundo estava perdido com essa nova geração a que eu pertencia, tão perdida que estava.
Quando comecei a trabalhar, a cada nova ideia que apresentava, havia sempre um grupo de gente já perto da reforma que me diziam “eu também era assim mas não vale a pena. Sempre fizemos assim e vamos continuar a fazer, por isso deixa-te de ideias”.
Mas algum tempo depois houve uma enorme mudança e as gerações mais idosas começaram a ser dispensadas nas empresas e ignoradas na maioria dos círculos. Para que os obstáculos à inovação fossem removidos. Para que se pudesse avançar com novas ideias.
Não sei exatamente quando foi que tudo mudou, mas o que vejo hoje são pessoas com 40-50 anos a gerarem novas ideias, a liderarem autênticas revoluções… e uma nova geração a torcer o nariz e a olhar com desdém. É um facto, estas pessoas não começaram agora a transformar o mundo. Já o fazem há muito tempo e isso dá-me confiança de que continuarão a fazê-lo enquanto viverem e tiverem condições. O que me preocupa é a possibilidade de as novas gerações deixarem de ser o catalisador para passarem a ser o travão. Que o seu mantra seja o início da estrofe 95: “Ó glória de mandar, ó vã cobiça, desta vaidade a quem chamamos Fama!”
Tenho o privilégio de conhecer e trabalhar com um punhado de gente entre os 20 e os 30 anos que me dá esperança. Dinâmicos, dedicados, cheios de ideias, inovadores, sempre prontos para novas aventuras. Todos os dias aprendo com eles, todos os dias agradeço o privilégio de ter a oportunidade de construir alguma coisa em conjunto.
O que mais desejo é que esta atitude se propague como um vírus. E que da próxima vez que nos lançarmos numa epopeia, por mais desconhecida ou tenebrosa, não fique ninguém em terra a arengar.