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Ser normal é coisa que não existe. Todos temos as nossas particularidades e necessidades especiais. Então porquê termos que nos conformar com uma filosofia de vida "one size fits all"?
Se não olharmos para o homem que todos os dias está no semáforo a tentar vender revistas CAIS, se fizermos de conta que não está lá, será que desaparece?
Se não olharmos para a quantidade de animais abandonados nas ruas, que parece crescer todos os dias, se fecharmos os olhos, será que eles desaparecem?
Se não olharmos para o desânimo estampado na cara de tanta gente, se fizermos de conta que nada se passa, será que desaparece?
E aquilo que não vemos mas ouvimos, velhinhos que não conseguem fazer as parcas reformas chegar para os medicamentos, cada vez mais caros, e a alimentação, quanto mais ajudar os filhos desempregados ou os netos mal nutridos?
E quando ouvimos de tanta gente de idade avançada que ficou sem emprego e ainda assim não tem idade suficiente para a reforma?
Ou quando ouvimos de tantos jovens que têm que deixar os estudos pois não têm meios para tal? E de um serviço de saúde a apodrecer?
Se taparmos os olhos, se deixarmos de ver, desaparece?
Se taparmos os ouvidos, o ruído surdo deixa de lá estar?
Ou será preciso também desligar o cérebro? Até onde levamos o nosso bem-estar, aliado a uma indiferença doentia pelo que se passa à volta? Será que não entendemos que o se passa hoje com eles hoje se poderá passar connosco amanhã?
Olhamos mas não vemos, ouvimos mas não escutamos, vamos também deixar de pensar e de sentir? E onde é que isto vai parar? Vamos renunciar aos nossos princípios, vamos negar as nossas crenças, em nome do status quo, para que esteja tudo bem?
Não chega já? Não é já tempo de fazer alguma coisa em vez de apenas deixar andar? Nunca vi que deixar andar fosse boa filosofia, e continuo a não acreditar nisso..