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Ser normal é coisa que não existe. Todos temos as nossas particularidades e necessidades especiais. Então porquê termos que nos conformar com uma filosofia de vida "one size fits all"?
Deve ser do aproximar da velhice. Houve uma altura, ali pela conclusão da licenciatura e já trabalhando há uns anitos, em que vivia cheia de certezas. Por exemplo, tinha a certeza de que se acontecia algo bom na vida de alguém, é porque essa pessoa teria feito algo de bom no passado e vice-versa. Agora tenho a certeza do oposto: as coisas boas e más vêm até à nossa vida de uma forma mais ou menos aleatória ou sem razão aparente, embora o ditado "what goes around comes around" se cumpra na vida de todos.
Também tinha a certeza de que trabalhando muito e atingindo metas importantes iria conseguir conquistar muito, o que é completamente falso. Conquista-se alguma coisa, é certo, mas a meritocracia em cima da qual as democracias modernas foram construídas só funciona até certo ponto (digamos, pequenos e médios gestores). Porque a partir daí nada tem a ver com competência ou capacidade e sim com confiança política ou pagamento de favores. E é assim que se observa o fenómeno de gente completamente incapaz a ocupar lugares críticos na nossa sociedade.
Outro "dogma perdido" que me entristece profundamente é perceber que "O Amor vence tudo" não é uma frase assim tão real, porque nem sempre duas pessoas que se amam conseguem ficar juntas, e nem todas as situações são vencidas pelo amor. Como uma fase terminal de cancro ou o Ébola, por exemplo.
Dizia Oscar Wilde: "A alma nasce velha mas rejuvenesce". Hoje começo a perceber o porquê, pois nas primeiras décadas da nossa existência temos palas nos olhos e dogmas na mente. E só depois de vivermos o suficiente, sofrermos o suficiente, viajarmos o suficiente (no mundo e também dentro de nós mesmos) é que a mente e o coração começam a abrir-se, iniciando-se uma jornada tão maravilhosa quanto imprevisível.
Quem nunca saiu da redoma do seu mundo e das suas certezas deveria experimentar. Além de extremamente libertador, pode revelar-nos imenso do mundo e de nós próprios!