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Ser normal é coisa que não existe. Todos temos as nossas particularidades e necessidades especiais. Então porquê termos que nos conformar com uma filosofia de vida "one size fits all"?
Sim, admito, sou algo dorminhoca e talvez por isso sinta a necessidade de defender o sono. É que por alguma razão fomos programados para sentirmos a necessidade de descansar. Eu sou daquelas pessoas que se não descansa pelo menos sete horas por noite, não funciona bem o resto do dia. Se calhar não tanto nesse dia, mas no dia seguinte não consigo pensar e ninguém me consegue aturar.
Agora, o que interessa a todos: o processo do sono é essencial para por exemplo consolidar a memória. Já repararam que nos períodos em que descansamos menos parece que nos lembramos de menos coisas, ou até parece que temos uma visão turva das coisas? porque tudo o que registámos na memória não ficou devidamente processado e "indexado".
Mas o que talvez seja mais importante mesmo é o seguinte: pouco sono equivale a pouca insulina e muito cortisol, ou seja, maior propensão para desenvolver diabetes ou, no mínimo, taxas altas de glicémia. Por outro lado, uma quantidade razoável de horas de sono faz o metabolismo funcionar, o que é quase tão bom quanto ir ao ginásio! Para quem faz as duas coisas, especialmente se não fuma, a redução do risco da doença cardiovascular é mais de 50%. Faz pensar, não é? Com todos estes benefícios o significado do "sono de beleza" até parece um pouco descontextualizado.
Só que eu sofro do mesmo que provavelmente muitos de vocês: sou notívaga. Adio o mais que posso a hora de me deitar mas de manhã o cruel despertador não me dá nem mais um minuto de descanso. O que é equivalente a dizer que apenas raramente durmo a quantidade de horas devida. E não é por isso que de manhã funciono menos bem, é mesmo assim, sempre foi assim e sempre será. Ainda andava na faculdade quando tentava levantar-me cedo para estudar e o resultado era sempre o mesmo: adormecer em cima dos apontamentos. Quando comecei a estudar pela noite dentro, ia sem dificuldade até às 6h da manhã a despachar matéria.
Hoje não tenho tanta liberdade para escolher os horários, mas dentro do que posso sei que nas horas em que ainda estou a acordar devo fazer as tarefas administrativas e pouco utilizadoras do cérebro. Conforme a hora de almoço se aproxima, posso então dar largas à energia e imaginação. Imaginação, que os notívagos têm em altas quantidades.
Há poucos estudos em que os investigadores estejam de acordo (lembro-me do estudo da London School of Economics em que os noctívagos são considerados mais inteligentes que os madrugadores) mas uma coisa é certa: As pessoas mais ativas de manhã tendem a ser mais organizadas enquanto os notívagos têm uma inteligência mais imaginativa. Lá está...
Tenho pena que estes estudos deixem invariavelmente de fora a sesta e os seus benefícios, mas não se pode ter tudo. O importante é que, deitando cedo ou tarde, se garanta o mínimo de sono para que a beleza e a saúde sejam potenciadas!