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Ser normal é coisa que não existe. Todos temos as nossas particularidades e necessidades especiais. Então porquê termos que nos conformar com uma filosofia de vida "one size fits all"?
No início do ano estreei-me a falar sobre a necessidade de criarmos e mantermos diversidade num contexto específico dentro das tecnologias de informação. Já voltei a falar sobre isso várias vezes e até já escrevi um artigo (aqui). E no entanto, quanto mais falo e penso no assunto, mais percebo que ele tem que ser falado. Até incomodar. É verdade que tenho utilizado o chapéu da diversidade de género porque me aflige a quase inexistência de mulheres no meu ramo de atividade. E as dificuldades que se lhes colocam. Mas não deixo de fora a diversidade étnica nem o tema da idade. E sem dúvida sou muito grata porque na minha equipa há isso tudo. E de facto funcionamos muito bem como equipa.
Mas depois olho para outras áreas fora da tecnologia e percebo que os desafios parecem cada vez maiores: coisas "pequenas" como o novo treinador do Sporting opinar que as mulheres nem sequer devem comentar futebol (qual será a reação da equipa campeã de futebol feminino?) e coisas enormes, grandes demais, coisas que nunca deveriam existir, como a separação das crianças das suas famílias que tem ocorrido nas fronteiras dos Estados Unidos.
Vá lá, até as séries mais renomeadas já descobriram as vantagens da diversidade! Mulheres, grupos étnicos, LGBT+, várias gerações. Está tudo lá. E nós no nosso dia a dia não conseguimos viver com isso? Numa era em que inclusivamente se fala de neurodiversidade, em que profissionais com autismo ou síndrome de Asperger são contratados como data scientists pois já se percebeu o valor que acrescentam, ainda há empresas e países inteiros que não conseguem amadurecer para lá do estereótipo do homem branco. É assustador pensar que em vez de estarmos a progredir, estamos neste caso a regredir mais de 100 anos.
E a Hungria, já se esqueceu de quando famílias inteiras emigraram ilegalmente para fugirem da guerra, ainda nem há 70 anos? como é possível agora aprovar uma lei que criminaliza quem ajudar emigrantes ilegais, nem que seja com comida?
Eu sei que escrevo sobre assuntos incómodos mas podemos pensar ao menos desta vez? Até a McKinsey publicou um estudo no início deste ano em que demonstra que as empresas que se encontram no quartil superior em termos de diversidade étnica e de género tendem a apresentar lucros superiores à média até 32%. Podemos empiricamente dizer que a diversidade multiplica a riqueza de interações, de soluções, de conhecimento. Mas este estudo vem demonstrá-lo preto no branco, perdoem-me a ironia.
Se olharmos para a natureza, vemos também que a diversidade é a chave para a conservação e evolução das espécies. Não é à toa que por exemplo as abelhas cruzam o pólen de várias espécies de flores. E nós não conseguimos sequer conviver com quem é diferente ou tem ideias diferentes das nossas?
Agora, porque será que o presidente Trump voltou atrás nesta decisão? Se tivéssemos ficado todos caladinhos claramente isso não teria acontecido. Se passarmos uma vida inteira sem fazer ouvir a nossa voz não nos podemos queixar por as coisas não acontecerem como queremos. Eu sei que estamos em pleno Mundial, e mais uma vez hoje percebemos porque é que o Cristiano é que é o melhor do mundo, e amanhã até há AG do Sporting e tudo mas o mundo precisa que façamos ouvir a nossa voz. A bem do futuro das próximas gerações.
A temperatura finalmente começou a subir. As aulas estão a terminar. Os hotéis e outros empreendimentos turísticos por todo o país estão ainda mais cheios que o normal. É sinal de que as férias estão à porta.
As séries que acompanhámos por todo o inverno estão a terminar. O campeonato mundial de futebol começou e só se ouve falar em festivais de verão. Começou a silly season.
Estamos cansados e desejosos de alguns dias de descanso e passeios, sem TPCs e outros cuidados estundantis, sem chefes e colegas a moerem-nos o juízo. E, tal como em todos os fins de semana, chegamos à conclusão de que esses dias passam demasiado rápido. E porquê? Porque nos ocupamos com tanta coisa que o que é realmente importante acaba por ser deixado para trás? Porque não somos assim tão felizes com o que fazemos? Simplesmente porque somos preguiçosos?
Nestas férias, proponho um exercício diferente: Usar este tempo de descanso e relaxamento para fazermos um balanço do que foi este ano letivo e decidir as mudanças que queremos implementar no próximo. Sim, agora é a melhor altura para as fazer e já escrevi sobre isso algumas vezes (links abaixo). Não acreditam? Deixem que vos desafie. É simples:
1. Utilizem uma página A4 onde desenham uma pizza e cada fatia é uma componente da vossa vida: profissional, familiar, amorosa, espiritual. Saúde, amigos, realização pessoal também são fatias da pizza. 6 a 8 fatias, não mais.
2. Para cada fatia, numa escala de 1 a 10, assinalemos o quão satisfeitos estamos com essa área na nossa vida e porquê (os pontos positivos e os que precisam de melhorar). Sem batotas e sem pressas. Afinal estamos de férias...
3. Para as "fatias" melhor pontuadas o exercício que se propõe é como podemos potenciar ainda maisos pontos fortes. Por exemplo, se pontuámos com valores elevados a nossa vida familiar a ideia é olharmos para os pontos positivos e vermos como os podemos expandir. Se por exemplo um dos pontos positivos é gostarmos de nos divertir em família, uma das ações pode ser escolhermos uma atividade para fazermos em família uma vez por mês.
4. Finalmente, para as duas ou três fatias menos pontuadas (idealmente não mais que duas, não podemos mudar o mundo de uma vez só!) façamos um exercício honesto: o que precisamos de mudar que apenas depende de nós? Imaginemos que uma das áreas menos pontuadas é a profissional. Porque não gostamos do ambiente nem da maneira de ser dos colegas. Não podemos mudar o comportamento deles mas podemos influenciá-lo, mudando o nosso. Como? quais as ações que melhor efeito terão?
5. Agora começamos a planificar. Quais as ações que devemos desenvolver em setembro? em outubro? de que forma nos ajudam a atingir os objetivos para este ano? Falta alguma?
No final, teremos um plano e não nos devemos esquecer de anotar os resultados esperados para cada uma das ações, pois queremos depois avaliar o que realmente funcionou.
Já está! Só temos que desfrutar das férias e começar a preparar a execução do nosso plano para a felicidade!
https://doinconformismo.blogs.sapo.pt/balanco-do-ano-ou-talvez-nao-28242
https://doinconformismo.blogs.sapo.pt/resolucoes-de-ano-novo-21288
https://doinconformismo.blogs.sapo.pt/423.html
Esta é uma pergunta que muitas pessoas me fazem. Afinal de contas, trabalho não poucas horas diárias, tenho uma casa para cuidar, um marido e dois filhos e ainda duas gatas, mantenho um blog, já escrevi um livro e estou a planear o segundo, escrevo artigos no linkedin (aqui) e ainda arranjo tempo para ser oradora em vários eventos. E muito voluntariado.
É verdade, até cansa só de ler. Até parece que os meus dias são maiores que os das outras pessoas. Mas não são. A questão está em não olhar para o ecossistema em termos de tempo mas de motivação. E é claro, como toda a gente, tenho dias em que não me apetece fazer nada. Mas quando sei que estou a contribuir para algo maior do que eu, que estou a deixar uma marca numa nova geração, que estou a ajudar a mudar o mundo que conheço, então não tenho como olhar para trás ou ficar preguiçosa. É um bocadinho o que se passa com os filhos: sabemos que, tenhamos vontade ou não, temos que lhes dar banho e fazer jantar para eles. Se encararmos os restantes temas como filhos não biológicos, porque saem de nós e levam muito do que somos, então sabemos que temos que os alimentar e cuidar deles caso contrário não sobrevivem.
Então, como é que consigo? Como já escrevi aqui: com muita disciplina. Acima de tudo, aprendi que não faz sentido dizer "não tenho tempo para isso". O que dizemos com o "não tenho tempo" é, na prática, "não está no topo das minhas prioridades". Quando começamos a pensar assim, rapidamente percebemos em que é que estamos a gastar o nosso tempo.