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Ser normal é coisa que não existe. Todos temos as nossas particularidades e necessidades especiais. Então porquê termos que nos conformar com uma filosofia de vida "one size fits all"?
O Abrunhosa que me perdoe. Mas se eu tiver que escolher um lema para a minha vida, não posso escolher diferente. Durante toda a minha vida profissional fiz projetos que nunca ninguém tinha feito (apenas me lembro de um que não sortiu os resultados esperados, que me traumatizou qb ao ponto de eu garantir que nunca iria trabalhar para aquela empresa... apenas para ir lá parar 6 anos depois!) e que eram também irrepetíveis. Introduzi novas metodologias, novas tecnologias, novas abordagens a temas não tão novos...
Olhando para a minha vida pessoal, a mesma coisa se aplica. Claro que fiz coisas que toda a gente faz (curso, casamento, filhos, etc), mas o contexto já não é assim tão corriqueiro. E os resultados, mais uma vez, são irrepetíveis. Ainda antes de conhecer a célebre frase de Albert Einstein "Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes" já claramente percebia (empiricamente, mas os resultados empíricos podem valer ouro por uma vida inteira) que tinha que mudar alguma coisa. Acima de tudo, que não queria mesmo ser como os outros. E à medida que os anos passam, ainda menos quero!
E escrevi um livro. Grande coisa. Qualquer pessoa que queira pode fazê-lo. Mas nem toda a gente olha para cada aspeto destes procurando um ângulo novo, procurando fazer a diferença e abrir um novo caminho para os que vierem a seguir. Não quero com isto gabar-me, nem sequer exibir-me. Quero com isto dizer que o mundo precisa de quem encontre novos caminhos. De quem tenha novas ideias que não "morram" num qualquer jogo de telemóvel de caça aos gambuzinos. Novas ideias para a paz, para a igualdade de oportunidades, para o altruismo.
E é tão fácil encontrar novos caminhos. Basta procurar e estar atento. Questionar a cada dia: será que há outra forma de fazer isto? Será que conseguimos melhorar este resultado? E tentarmos. E voltarmos a tentar. E aprendermos com as falhas. E irmos avançando através dessas falhas para um patamar superior.
Desafio cada um a olhar à sua volta e fazer essas perguntas: Como posso melhorar aqui? O que falta fazer ali? E se experimentássemos uma nova abordagem acoli? Rapidamente, se o fizermos, descobriremos novas oportunidades. Apenas temos que as agarrar. Quem quer, ainda hoje, agora, neste tempo, fazer o que ainda não foi feito?
Confesso que não me entusiasmo rapidamente com as competições da seleção portuguesa. Não desde 2004, talvez pelo sofrimento atroz que não me sai da memória.
A qualificação começa e eu vou vendo os resultados, devagarinho, e não abro a boca até ao final da fase de grupos. Ainda me lembro bem do que aconteceu no último Mundial, por isso este ano fui mesmo devagarinho.
Também não adoro o sistema de jogo do Engenheiro Fernando Santos, por isso não fiz questão de ver Portugal jogar, mas desde logo admirei este selecionador pela impecável qualificação. Desde que me lembro, esta foi a primeira vez em que não tivémos que fazer contas!
Na fase de grupos vi todos os jogos. E sofri em silêncio. E observei as reações. As reações de um povo habituado a desprezar o que é nacional, habituado a fazer-se pequenino, a procurar a aprovação dos grandes deste mundo. E à medida que a seleção ia progredindo na competição, também alguns comentários se iam repetindo. O facto de o público não apoiar o único ponta de lança convocado foi um deles. A falta de convicção dos portugueses, de que estávamos ali por acaso e que nem conseguíamos vencer um jogo dentro dos 90 minutos regulamentares. Que nunca conseguiremos vencer uma competição deste gabarito, pois somos pequenos demais.
E lá chegámos à final, na opinião de alguns sem saber como, na opinião dos principais oponentes sem sequer ter o direito de estar ali. Debaixo de acusações de termos um futebol nauseante, de baixo nível, E a nossa estrela, que é o Melhor do Mundo e só por isso tem todo o direito de estar num campeonato de apenas um dos cinco continentes, lesiona-se logo no início. Agora é que estamos perdidos, logo agora que tínhamos a certeza que íamos ganhar. Mas a primeira parte passou-se sem sofrermos golos. Aos 72 minutos, momento em que nas meias finais a França já tinha enfiado duas vezes a bola na baliza da Alemanha, ali estávamos invictos. Apesar da equipa de arbitragem. Final do segundo tempo e nada. Vamos a prolongamento. Última substituição quem é que entra? O Éder? Mas o que é que este homem tem na cabeça? Olha, é golo! É GOLO! É GOOOOOOOOOOOOOLO! Somos campeões! Somos Éder!!
Somos capazes de passar uma noite acordados a fazer a festa, já fazemos peitaça para os franceses, olhamos quase incrédulos para as celebrações com um mar de gente nos cinco continentes. Que importa se a Torre Eiffel não mostra as nossas cores? A França está apenas a descobrir as suas fragilidades. Que interessa hoje alguns jornais dizerem que o futebol praticado foi mau? A azia tem destas coisas.
Hoje estamos unidos, somos um só, cantamos Portugal a uma só voz. Hoje voltamos a demonstrar que somos um povo humilde mas mui nobre, capaz de se sacrificar em favor dos outros, capaz de se adaptar ao meio envolvente e de o modificar. É dessa fibra que somos feitos, fazemos o melhor com o (não tão) pouco que temos e ensinamos as restantes nações. No passado demos novos mundos ao mundo através dos descobrimentos e colonização. Hoje continuamos a fazê-lo com elevada qualidade seja no futebol, no atletismo que tantas alegrias nos deu ontem também, na tecnologia em que até fornecemos componentes para a NASA, em serviços que prestamos para todo o mundo, na investigação científica e tantos outros mundos que hoje compõem o nosso mundo.
Neste retângulo pequenino e suas pequenas ilhas podemos ser 11 milhões mas pelo mundo fora somos muito mais que isso. Impusémos respeito em toda a Europa. Está mais que na hora de sermos os primeiros a respeitar-nos também.
Lisboa está cada vez mais bonita, mais intercultural, mais brilhante e bem aproveitada.
Quando não podemos ter férias, ou quando os últimos dias são passados aqui, não há nada como aproveitar os fins de semana para visitar e passear nesta linda cidade. Tamanha diversidade, ecletismo e beleza encantam e deixam uma sensação de felicidade que apenas pode ser superada se Portugal logo ganhar o Europeu!
Já há dois anos tinha falado sobre esta sensação de férias mesmo quando estamos a trabalhar, aqui. Há imensos recursos à volta de Lisboa que podem ser aproveitados. Mas a cidade em si está muito diferente de quando eu escrevi há dois anos atrás, para melhor. E para o provar, hoje fizemos o que há dois anos não seria possível: desfrutar da magnífica vista panorâmica do Amoreiras e molhar os pés no rio Tejo.
Começando pelo Amoreiras: 5€ por adulto e 3€ por criança entre os 6 e os 12 anos. Até aos 5 as crianças não pagam e também há packs família. E depois um elevador muito simpático e o acesso a uma vista magnífica de tirar a respiração. Dali vê-se distintamente toda a Lisboa e mais além. De um lado, vê-se até o túnel do Grilo, Odivelas e toda a zona circundante. De outro, uma vista privilegiada sobre o rio, ambas as pontes e a margem sul. Magnífico. Realmente value for money.
E depois, todo o passeio até à Ribeira das Naus em que cada passo cheira a boa comida, em cada canto há música com uma sonoridade distinta, em cada olhar se descobrem nacionalidades diferentes. Atividades diferentes. Futebol na zona central da praça do comércio, ladeado por inúmeras esplanadas e até uma zona de treinos de skate. Dezenas e dezenas de veraneantes do lado do rio, nas zonas relvadas, muita música e animação. Poder sentar-me ali, de pés descalços, depois de descer os degraus e sentir as ondas do Tejo molharem-me os pés e as pernas, contemplando o rio, o meu rio, na minha cidade, todos os barcos que passavam e as gaivotas e os aviões... que tempo relaxante, que felicidade!
Mais uma vez recordo: não precisamos de muito para ser felizes. Apenas estarmos junto dos que amamos e desfrutarmos do que está à nossa volta!