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Ainda sobre o desânimo

por doinconformismo, em 07.05.14

Quando o desânimo nos bate à porta, há que escolher cuidadosamente as pessoas com quem partilhamos a situação. Há vários grupos de pessoas:

 

- Aquelas que sofrem sempre mais do que nós, que têm mais problemas do que nós, e que nos sufocam de tal forma com os seus problemas que ficamos ainda mais deprimidos e com a certeza de que não há solução para o mundo

 

- Aquelas que se interessam apenas para depois espalhar a informação por todo o mundo (claro que o nosso bom senso é tanto que nunca falamos com estas pessoas!)

 

- As mais perigosas, aquelas que consideram que o problema está dentro de nós. Se estás desanimado e sem forças é porque não estás a fazer as coisas certas ou não as estás a fazer bem. Ou porque não tens fé, porque quem a tem nunca desanima, aconteça o que acontecer. Ou porque o que queres mesmo é a atenção virada para ti. Ou outra razão qualquer. Se não tivermos cuidado, estas pessoas podem plantar dúvidas no mais íntimo do nosso ser. Dúvidas sem resposta e que podem até ser destrutivas.

 

Então com quem é que vais falar? Com quem te ouve mesmo que não tenha nada para dizer. Com quem não tenta mostrar-se superior mas tenta encontrar uma solução. Com quem já te deu mostras de que se importa verdadeiramente. Sim, porque tens que falar com alguém. Como sempre disse uma das primeiras pessoas do Desafio Jovem que eu conheci: se eu não admitir que estou doente, como é que posso ser curado? Ou, se não reconhecer um problema, como é que posso buscar a solução? 

 

Verdade seja dita, ninguém na terra tem a solução para o teu desânimo. Mas haverá quem te ajude a procurá-la e a encontrá-la, e haverá quem te apoie e não permita que desistas a meio do caminho. E também é verdade que pessoas que estavam com um problema enorme nas mãos, às vezes um buraco sem fundo, foram na sua busca pela solução endireitando outros pontos na sua vida de maneira que, tudo ultrapassado, quase nem se reconheciam. Quem sabe não será o teu caso?

As formas da espera

por doinconformismo, em 06.05.14

Há decisões difíceis de tomar. Há decisões que só se tomam quando o estado a que se chegou é mais doloroso do que a mudança necessária.

Há momentos em que a decisão correta é tão difícil que lhe impomos um condicionalismo, do tipo:

SE (nada/algo/tudo) acontecer até (data x/momento y) ENTÃO... e depois esperamos.

 

Mas há formas diferentes de espera. Há quem se sente, cruze os braços numa atitude de "já fiz a minha parte, agora não faço mais nada". E portanto o desfecho é mais ou menos fácil de prever. Mas há um grupo de pessoas, que eu admiro e onde me tento incluir, que na espera faz tudo o que está ao seu alcance para que as coisas resultem. Tudo. Lutam até ao fim, com todas as suas forças, dão mais uma oportunidade se for o caso. Até não restar mais força, não restar mais esperança.

 

Está errado fazer de uma forma ou de outra? Tudo depende da nossa consciência. Há quem pense que não deve nada a niguém, e que quando as coisas não lhe correm bem se muda sem mais. Há quem considere ter uma obrigação moral de fazer um "extra mile" que por vezes até se estende mais do que isso. É como estarmos perante um indivíduo moribundo, pode haver quem pense "já fiz tudo o que podia, não te devo nada, morre para aí" ou quem fique moralmente obrigado a dar mais uma dose de epinefria, mais uma manobra de CPR, até abrir o torax para massajar o coração. Ou simplesmente segurar na mão para a pessoa não morrer sozinha. Há quem espere tanto que já cheira a podre. Pessoalmente, e porque ocasionalmente podem acontecer arrependimentos, mais vale dar outra oportunidade do que agir precipitadamente. Como a equipa médica à frente dos familiares de alguém que acabou de falecer, e que com a consicência tranquila pode afirmar que foi feito tudo o que estava ao seu alcance.

 

E quando chegar a data x ou o momento y em que nada/tudo/algo aconteceu, e executamos a decisão já tomada, por muito difícil que seja há uma certeza que ninguém nos tira: não podíamos ter feito mais. E isso permite-nos continuar com a vida tranquilamente.


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