Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Ser normal é coisa que não existe. Todos temos as nossas particularidades e necessidades especiais. Então porquê termos que nos conformar com uma filosofia de vida "one size fits all"?
Já sabemos que o Natal celebra o nascimento do nosso salvador, Jesus Cristo.
E, pelo menos durante alguns dias, falamos do Amor e da entrega aos outros e tudo o mais que o Natal representa.
Gostava no entanto de propor outra perspetiva: Jesus, Maria e José foram o primeiro exemplo da Igreja perseguida.
Primeiro, o casal teve o bebé em condições difíceis até para aquela altura. Perigo e pobreza séria de mãos dadas. Pelo meio, o reconhecimento da sua soberania quer pela visita dos pastores quer pelas ofertas dos Reis Magos. Depois disso, tornaram-se refugiados, vivendo num país estranho pela necessidade de fugirem a um déspota do Médio Oriente. Não havia Cruz Vermelha nem Unicef que os assistisse, estavam entregues a si próprios e ao favor de Deus.
Quais as semelhanças e diferenças em relação ao panorama atual? Que diferença causa no nosso coração olhar para Jesus por este prisma?
Sim, tenho andada arredada deste blog. Porque as ideias técnicas têm outra morada e as reflexões ultimamente são tão profundas que é muito difícil encontrar as palavras certas. Esta é uma rara ocasião em que a verbalização se tornou possível.
Em jeito de presente tardio, deixo convosco estas breves palavras de reflexão natalícia e os votos de Boas Festas.
Fui ao vale da sombra da morte
e voltei
Não posso dizer que gostei
Fui ao vale da sombra da morte
e mudei
Com o que lá encontrei
Haja sombra ou penumbra
O Teu amor nunca muda
Onde quer que eu vá
Te encontrarei
Se o medo me acompanhar
Sei que o vais afugentar
Pois Teu amor
Teu perfeito amor
Está lá como eu sempre acreditei
Fui ao vale da sombra da morte
e busquei
aquela voz conhecida encontrei
Fui ao vale da sombra da morte
e escutei
E em tudo o que disseste acreditei
É véspera de Natal e eu devia estar na cozinha e a enviar felicitações através das redes sociais.
Mas não, isso não é para mim.
Afinal de contas sou uma gestora de projetos bem sucedida, o que quer dizer que as prendas estão compradas e a cozinha despachada.
Agora estou, isso sim, a cozinhar um dos próximos projetos de 2016, de que vos falarei em breve. E quanto a felicitações, ainda acredito em telefonemas e postais e outras formas "antiquadas" mas tão personalizadas de mostrarmos às pessoas de quem gostamos que nos lembramos efetivamente deles!
O Natal é, sem dúvida, a festa da família. Mas não celebramos a família. Celebramos EM família Aquele que nos amou, nos ama, e sempre nos amará. Incondicionalmente. Mesmo quem não acredita em Deus não pode evitar ser amado por Ele. Por isso vos convido: deixem-se amar e amem também.
Deve ser do aproximar da velhice. Houve uma altura, ali pela conclusão da licenciatura e já trabalhando há uns anitos, em que vivia cheia de certezas. Por exemplo, tinha a certeza de que se acontecia algo bom na vida de alguém, é porque essa pessoa teria feito algo de bom no passado e vice-versa. Agora tenho a certeza do oposto: as coisas boas e más vêm até à nossa vida de uma forma mais ou menos aleatória ou sem razão aparente, embora o ditado "what goes around comes around" se cumpra na vida de todos.
Também tinha a certeza de que trabalhando muito e atingindo metas importantes iria conseguir conquistar muito, o que é completamente falso. Conquista-se alguma coisa, é certo, mas a meritocracia em cima da qual as democracias modernas foram construídas só funciona até certo ponto (digamos, pequenos e médios gestores). Porque a partir daí nada tem a ver com competência ou capacidade e sim com confiança política ou pagamento de favores. E é assim que se observa o fenómeno de gente completamente incapaz a ocupar lugares críticos na nossa sociedade.
Outro "dogma perdido" que me entristece profundamente é perceber que "O Amor vence tudo" não é uma frase assim tão real, porque nem sempre duas pessoas que se amam conseguem ficar juntas, e nem todas as situações são vencidas pelo amor. Como uma fase terminal de cancro ou o Ébola, por exemplo.
Dizia Oscar Wilde: "A alma nasce velha mas rejuvenesce". Hoje começo a perceber o porquê, pois nas primeiras décadas da nossa existência temos palas nos olhos e dogmas na mente. E só depois de vivermos o suficiente, sofrermos o suficiente, viajarmos o suficiente (no mundo e também dentro de nós mesmos) é que a mente e o coração começam a abrir-se, iniciando-se uma jornada tão maravilhosa quanto imprevisível.
Quem nunca saiu da redoma do seu mundo e das suas certezas deveria experimentar. Além de extremamente libertador, pode revelar-nos imenso do mundo e de nós próprios!
Gosto do Natal. Gosto dos dias frios e ensolarados anunciando o inverno. Gosto da azáfama na confeção de doces e menus e na busca de encontrar e reencontrar quem há muito não vemos.
Gosto particularmente da festa, da ideia de oferecermos o melhor de nós a quem mais gostamos. Cada presente criteriosamente selecionado, cada instituição ou causa a apoiar cuidadosamente investigada.
Natal é sem dúvida a festa da família. Mas não apenas da nossa família de sangue. Natal é a festa da família que ganhámos por causa do amor de Deus que fez o menino Jesus nascer neste mundo. Essa família que tem laços mais fortes que o sangue, porque são laços de um amor intemporal e incondicional. Deus ama-me desde sempre e sem limites.
O Natal é a festa do amor. Do Amor feito carne, feito menino indefeso e necessitado de amor e cuidado. Por causa de cada um de nós.
É tão bom saber que sou amada e que as minhas necessidade não são estranhas ao Deus feito homem!
É com esta certeza que desejo a cada um um Natal muito feliz, com a felicidade e conforto de quem sabe que é amado.