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Resoluções de ano novo

por doinconformismo, em 30.12.14

Já falei sobre as resoluções de ano novo aqui.

Esta é a pior altura para tentar pôr em prática grandes mudanças na vida. Porque está frio, porque já vamos com 1/3 do ano letivo a caminho, ou porque não consolidámos suficientemente essas mudanças no pensamento e na agenda. Tanto faz. Para mudanças radicais, nada como o verão. Ao regressar das férias e ainda antes que a rotina se instale, conseguimos maravilhas ao incorporar (ou livrar-nos de) hábitos.

Mas há resoluções que fazem sentido nesta altura do ano. Amar mais por exemplo. Cuidar mais. Não deixar que outros comandem a nossa vida. Estas resoluções fazem ainda mais sentido quando passamos um ano em revista (e isto devemos mesmo fazer!) e percebemos o que fizemos bem e devemos continuar a apostar e onde precisamos de melhorar também. Estas, e não uma ida ao ginásio 3 vezes por semana, são as resoluções que irão mudar a nossa vida e que portanto devem estar presentes logo no início do ano, para uma entrada limpa e clara e com objetivos bem definidos.

Claro que todos os objetivos precisam de ser medidos, caso contrário como saberemos se estamos a fazer bem ou não? Como podemos dizer se estamos a cuidar mais? Quer dizer que passamos a fazer uma chamada telefónica adicional por dia para alguém com quem nos importamos? Quer dizer que vamos passar a ajudar os avós com as compras? Seja o que for que decidamos, clarifiquemos, nem que seja na nossa cabeça, como vamos fazê-lo. Isto torna-se particularmente importante para ganharmos a disciplina para continuar quando não apetece, quando os afazeres apertam, quando parece que não está a dar resultado.

Um exemplo: decidi que em 2015 vou estar ainda mais disponível para fazer a diferença à minha volta. Como?

1. vou tomar atenção às necessidades das pessoas e se puder ajudar ou se souber de alguém que possa, fá-lo-ei ou apresentarei as pessoas em questão;

2. mesmo apesar de eventuais receios ou até de considerar que a minha ajuda é muito parca, irei na mesma fazer o que considero correto. Irei fazer tudo o que posso fazer.

3. pelo menos uma vez por dia vou procurar oportunidades de fazer a diferença - fazer companhia a alguém que esteja sozinho, ajudar um(a) idoso(a) com as compras, pagar um almoço a um sem abrigo, o que for.

E no final de cada semana quero olhar para trás e contemplar as maravilhas que aconteceram na vida de alguém por eu ter decidido não ficar indiferente e olhar apenas para a minha vidinha, para o meu umbigo.

E vocês? Quais são as principais resoluções para 2015?

A idade não perdoa

por doinconformismo, em 26.12.14

Vejo muitas vezes pessoas em luta com o envelhecimento dos seus entes queridos. No Natal e outras épocas em que toda a família se reune essa realidade fala tão alto que acaba muitas vezes por magoar. É difícil aceitar que os nossos pais, avós, tios, estão a perder a agilidade de outrora e que não se mexem, não raciocinam, não dialogam com a mesma velocidade e destreza que apresentavam antes.

Claro que nem toda a gente sofre com isso, há quem simplesmente encolha os ombros e responda que é normal, que faz parte da ordem natural da vida. Mas outros, ainda que possam dizer algo de similar, dizem-no para se convencerem a si próprios mais do que outra coisa. Porque lhe custa aceitar essa realidade, porque é algo que a sua mente - e acima de tudo o seu coração - combate vigorosamente.

E porque falo eu nisto? Porque nesta altura do ano invariavelmente este é um tema de conversa. E porque me recordo que passei pelo mesmo com as minhas avós. Com a diferença que durante um tempo era minha opinião convicta de que este definhar, esta redução de faculdades era simplesmente imputada a elas e nada mais. E o que facto de terem 70, 80 ou 90 nada tinha que ver para o caso.

Claro que eu também tinha outra idade. Aquela idade em que pensamos que tudo dura para sempre e que tomamos muitas coisas - e pessoas - por garantidas. Até percebermos realmente como a vida funciona e que o ditado que diz que "a idade não perdoa" é verdadeiro de muitas outras formas além da atrofia dos músculos ou dos ossos.

Por isso, nada de melhor há a fazer senão honrar os nossos idosos (e os menos idosos também), ter muita paciência para com eles e mimá-los da melhor forma que sabemos e dentro das nossas possibilidades. E nunca, mas nunca, abandonar alguém só porque tem idade e já não há paciência para as 50 vezes em que pergunta ou diz a mesma coisa ou para as incontáveis vezes que se levanta para ir à casa de banho, ou outra razão qualquer. Lembremo-nos que a certa altura da nossa vida éramos nós que fazíamos precisamente isso e que sempre houve alguém com paciência para nós.

Feliz Natal!

por doinconformismo, em 22.12.14

Gosto do Natal. Gosto dos dias frios e ensolarados anunciando o inverno. Gosto da azáfama na confeção de doces e menus e na busca de encontrar e reencontrar quem há muito não vemos.

Gosto particularmente da festa, da ideia de oferecermos o melhor de nós a quem mais gostamos. Cada presente criteriosamente selecionado, cada instituição ou causa a apoiar cuidadosamente investigada.

Natal é sem dúvida a festa da família. Mas não apenas da nossa família de sangue. Natal é a festa da família que ganhámos por causa do amor de Deus que fez o menino Jesus nascer neste mundo. Essa família que tem laços mais fortes que o sangue, porque são laços de um amor intemporal e incondicional. Deus ama-me desde sempre e sem limites.

O Natal é a festa do amor. Do Amor feito carne, feito menino indefeso e necessitado de amor e cuidado. Por causa de cada um de nós.

É tão bom saber que sou amada e que as minhas necessidade não são estranhas ao Deus feito homem!

É com esta certeza que desejo a cada um um Natal muito feliz, com a felicidade e conforto de quem sabe que é amado.

Para quem leu o post anterior e pergunta, como eu, o que acontece quando não é uma pessoa mas uma massa de pessoas que acreditam apenas naquilo que lhes entra pelos olhos dentro, nas cassetes que passam vez após vez com teorias ou "informação" supostamente fidedigna para nos aprisionar os neurónios.

Não serei a única preocupada quando o canal mais visto no serviço pago de TV é o da CMTV. Não serei a única certa de que este, como outros, é um sinal de um povo transformado em rebanho, em que todos vão para o mesmo lado, todos pensam da mesma maneira, todos falam do mesmo e quando alguém destoa, quando alguém utiliza a massa cinzenta, é considerada esquisita.

Onde é que isto acaba? No extremismo do politicamente correto? Na aceitação de todas as ações dos nossos dirigentes sem pelo menos comparar com o que se passa nos outros países da Europa? No foco do dia a dia de cada um, sem querer saber do que se passa à volta? Quem pensa reage. Quem mantém um raciocínio crítico não se fica pelo que vem nos media e vai à procura de mais contexto, de entender os porquês. Esta senhora é um exemplo disso. Sigam-no. Basta de andarmos a ser carneirada, e se formos ao menos que sejamos carneirada informada. Se calhar dá trabalho. Se calhar ocupa o tempo que seria habitualmente dedicado à novela. Mas é imensamente compensador.

E que tal fazer deste um novo hábito para 2015?

As pessoas acreditam no que querem acreditar

por doinconformismo, em 10.12.14

É uma quase-lei do universo e não há nada a fazer. Nem abrir a cabeça aos mais cépticos, porque cada um tem o seu sistema de crenças e valores e não mudam só porque há alguém a querer fazê-los ver "a verdade". Mas o que é a verdade ao certo? Números e factos são imutáveis mas podem ser lidos de variadíssimas formas. Por exemplo se dissermos que este mês a taxa de desemprego desceu há quem diga que tal aconteceu pela magnífica ação do governo... e há quem diga que apenas se deve à emigração continuada a que temos assistido.

Acontece assim com tudo na nossa vida. Porque quando olhamos para factos e números não olhamos apenas com o raciocínio mas com ideias pré-concebidas, com um sistema de valores que fomos adquirindo ao longo da vida e até com as necessidades que carregamos no momento. E se é assim com questões objetivas, ainda mais com questões totalmente subjetivas como um jogo de futebol, ou com religião, ou com política. 

Veja-se o caso Marquês que dividiu logo as opiniões. De um lado, uma teoria da conspiração de que este tema foi estrategicamente gerido para estragar a vida ao PS e ao seu secretário-geral. De outro, a magnífica coragem da Justiça em deter um ex-primeiro e o empenho em puni-lo exemplarmente. A verdade, como depressa se descobre, há-de estar algures no meio, entre o célebre ditado de que "onde há fumo há fogo" e a repulsa pelo facto da detenção ter sido "assobiada" a uma cadeia de televisão, e mais um universo inteiro de mini-casos ou de comparações com o Al Capone. 

Claramente, as pessoas acreditam no que querem acreditar, e muitas vezes para provarem a veracidade daquilo em que acreditam omitem ou distorcem factos porque de outra forma não caberiam nas suas teorias. A sorte de todos nós é que ao longo da vida mudamos as nossas crenças, porque adquirimos experiência - e muitas vezes, juízo. A nossa sorte é termos inteligência suficiente para adaptarmos o raciocínio ao que vamos experimentando. A nossa sorte é que, quando vivemos algo que nos marca profundamente, somos capazes de alterar até a nossa perspetiva mais dogmática. E muitas vezes isso significa simplesmente tornarmo-nos mais pessoas.


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