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As ondas do universo

por doinconformismo, em 30.04.14

Não estamos sozinhos. E não estou a falar de vida fora da terra ou outras coisas pouco comprovadas, mas naquilo que experimentamos e passamos no nosso dia a dia. Não estamos sozinhos. Por alguma razão que excede a minha limitada inteligência, o universo assegura-se de que, seja o que for que estejamos a passar, olhando para o lado (não para longe, mas para o lado, para os que estão à nossa volta) reconheçamos um grupo de pessoas que estão a passar pelo mesmo. 

 

Quem não reparou já que, estando num estado de euforia e elevada motivação, outros à sua volta estão também assim mesmo? Muitas vezes até por motivos completamente diferentes, mas estão. O mesmo se aplica a tempos em que estamos determinados numa conquista, ou indiferentes, ou tristes ou... é escolher. Assim como as ondas do mar molham todos os que estão ao seu alcance, assim parece que as ondas trazidas pelo universo varrem todos aqueles que se encontram numa determinada condição.

 

Já passámos por muitas ondas, alegria, vontade de conquistar o mundo, motivação, determinação, uma necessidade inexplicável de ficar firme perante as circunstâncias mais desastrosas, e tantas outras poderiam ser aqui enumeradas. Mas a onda do momento parece ser a da desmotivação ou melhor ainda, da desesperança. O que é difícil pois nestes casos a vontade é de baixar os braços e aceitar as circunstâncias que a vida nos traz sem sequer as analisar, quanto mais combater. E é compreensível porque muitas das pessoas que hoje se sentem assim é como se estivessem há muito tempo a lutar para manter a cabeça fora de água, agarradas a um pequeno tronco, quando um rio imenso as tenta submergir. E as forças vão faltando e cada vez a vontade é de largar e ver o que acontece: ir na corrente até chegar a águas mais calmas, ou bater com a cabeça com tal força que a coisa se acaba ali mesmo.

 

É por isso que em momentos como este é particularmente importante reconhecermos que não estamos sozinhos. E em vez de nos mantermos calados sobre a nossa situação, contando apenas com as nossas próprias forças para aguentar, percebamos que ao falarmos com outros é possível unirmos as mãos, unirmos as forças até que juntando mais um e mais outro, nós próprios somos a corrente. E nesse momento, mais do que aguentarmos (e sim, é a primeira preocupação nesta jornada) conseguimos mudar o curso das águas. Nos últimos dias tenho descoberto que apenas uma conversa pode ser extremamente libertadora, quando percebemos que o que sentimos não é exclusivo nosso. E quando nos dispomos a ajudar-nos uns aos outros, percebemos que mesmo sem conseguirmos mudar o problema de fundo no imediato, conseguimos fazer a diferença. E de repente, ao ajudarmo-nos uns aos outros, ao colocarmos os nossos recursos ao serviço de outros, estamos a criar uma poderosa rede de apoio e aqueles que se sentiam sem força ou com medo vão ganhando a coragem necessária para fazer o seu caminho.

 

As questões de fundo continuam lá? sim. Aliás, há tanta coisa torta hoje em dia que é difícil encarar a realidade. Mas encontramos outras cores no nosso mundo, cores pintadas por quem entra e às vezes até inesperadamente nos oferece recursos e soluções. E para quem enfrenta um mundo que parece todo ele um cinzento carregado, um toque de outra cor oferece logo uma réstia de esperança. 

O que realmente interessa

por doinconformismo, em 09.04.14

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Não podia ser mais claro. As coisas que são realmente importantes não estão usualmente sob nosso controlo. Ainda assim, todos os dias tentamos fazer o universo dobrar-se à nossa voz. O resultado pode ser inexistente ou patético, mas o esforço é claramente desadequado aos resultados. 

 

Por isso mais vale dedicarmo-nos ao que realmente interessa, ao que realmente controlamos, como por exemplo, melhorarmos o nosso eu um bocadinho mais cada dia. Isso sim, pode fazer a diferença...

Just enough is not enough any more

por doinconformismo, em 07.04.14

Aviso à navegação: os tempos mudaram. Nunca o progresso se evidenciou de tantas maneiras no nosso quotidiano, mas apesar disso temos menos tempo, menos dinheiro (será?) e consequentemente, menos paciência. É por isso que a nossa reação para com certos temas mudou. Já não toleramos certas coisas, porque simplesmente estamos mais exigentes. Já não damos atenção a certas coisas, porque já não a merecem. E por coisas quero dizer situações, marcas, pessoas, conceitos, conteúdos e outras coisas mais que até nos querem entrar pelos olhos dentro mas não se esforçam o suficiente. Porque o que o que era suficiente ontem já não o é hoje.

 

Sim, é preciso esforço. Só para fazer alguém desviar os olhos. E ainda mais para manter alguém atento. E ainda mais para despertar curiosidade e vontade de saber mais. Não é suficiente fazer o que é esperado, entregar o que foi pedido quando o foi pedido e cobrar pouco por isso (embora em alguns casos só isto já é um feito em si mesmo!) porque regra geral já há quem o faça. Se queremos sobressair temos que fazer diferente, mostrar excelência em um outro ponto que sejam valorizados. E isto aplica-se em qualquer área da nossa vida.

 

Por exemplo, no nosso relacionamento com a entidade empregadora. Já lá vai o tempo em que cumprir o horário e a descrição de funções era o suficiente. Agora, quem dá atenção a um colaborador que não se esforce mais, que não tente ir mais além? Outro exemplo: as habilitações académicas. No tempo dos nossos avós ser professor era ser bajulado, no tempo dos nossos pais quem tinha um curso superior tinha tudo, hoje ter um mestrado pós-Bolonha vale... o que vale. E todos os anos saem catadupas de licenciados, mestres e afins. Então como nos diferenciamos perante um possível empregador?

 

E nos relacionamentos, então, ainda mais podemos ver esta verdade. Será que fazendo o "suficiente" teremos uma amizade sólida e duradoura? um namoro? um casamento? Será que o problema de muitos relacionamentos que terminam hoje em dia não é precisamente o facto de que os seus intervenientes não quererem dar mais do que o suficiente?

 

Fazer o suficiente é estar na média. O que nos dá um emprego médio, um namoro ou casamento médio, amizades médias, experiências médias. Enfim, uma vida média. Mas quem quer viver uma vida a sério compromete-se a sério, dá mais que o suficiente, faz mais do que o suficiente, faz tudo o que é preciso. Porque para quem quer viver uma vida a sério, o suficiente já deixou de ser suficiente há muito tempo.


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